Un buen motivo
20/08/2010
Sumi, mas foi por uma boa causa: fomos à Valência.
Eu, para conhecer a cidade, passear, curtir.
O I, para o show do Iron Maden que fechava a turnê blá-blá-blá.
À primeira vista, parecíamos chegar a uma cidade fantasma.
Lojas fechadas, ruas vazias.
Todo mundo em férias.
Deixamos as coisas no hotel (não sem antes relinchar porque nos deram camas de solteiro por «falta de disponibilidade») e saímos.
Caminhamos pelos Jardines del Turia, que era um rio e virou jardim.
Nessa brincadeira de andar, percorremos 8,5 quilômetros.
(Fizemos questão de saber a distância exata, porque o caminho parecia eterno).
Num sol de ferver ideias.
Passamos pelo Museu de Belles Artes, pela Ciudad de las Artes y de la Ciencia, e pelo tal jardim infinito.
Chegamos ao porto só o pó, umas 21h.
Urrando de fome.
No restaurante, as pessoas devoravam mexilhões.
Óbvio que pedi e me esbaldei, apoiada mas não acompanhada pelo Igor, que provou, mas ficou no pãozinho.
A foto não é das mais apetitosas, mas de todo o coração eu digo: estavam maravilhosos.
De comer agradecendo a Deus também era a paella.
Graças ao vinho branco que acompanhou tudo isso, perdemos o último ônibus e deixamos um taxista bem feliz de nos levar até láááááááááá onde ficava o hotel.
Los mejillones de la Señora María
15/08/2010
Eu disse que ela se tornaria um personagem.
Mal chegamos da igreja, estava a D. Maria tocando a campainha.
– Posso trazer uma coisinha que preparei para vocês experimentarem?
Medo.
Minutos depois, entra a tia com uma travessa misteriosa.
– Ai, Deus. Que seja tudo menos gelatina nutritiva da cabeça da vaca.
Eram aperitivos de mexilhões e lulas.
Um prato de aparência estranha e odor exótico.
Nesse momento, Igor e eu nos olhamos e combinamos psiquicamente ser educados.
Mas a D. María não se satisfez em nos trazer o prato.
Pegou sua taça de vinho branco e sentou ali:
– Vou esperar vocês provarem. Quero ver se vão gostar.
Ela só iria embora depois que encarássemos a bagaça.
Vinho branco à mão, primeira garfada.
AMEI.
Sério. Imagine um prato de frutos do mar feito por uma tia espanhola que cozinha bem.
A cebola tinha um quê de caramelo; os mexilhões, um toque de limão.
Maravilhoso.
Eu me deliciava quando Igor interrompeu meu delírio dizendo:
– Que rico! Muito bom, D. María!
Fiquei feliz. Pensei que ele tinha gostado de verdade, como o bacalhau.
Só umas horas depois, depois de ser levemente obrigada pela tia a anotar a receita tin-tin por tin-tin, é que eu soube que meu marido é um excelente ator. E – definitivamente – detesta mexilhões.