Convidei a galera do C29 para jantar lá em casa e depois assistir ao jogo juntos.
Barça X Real Madrid, final de algum campeonato europeu importante.
Eu, «fanática» por futebol, não tenho até agora ideia de por quê o jogo era tão especial.
O fato é que o bando de amigos que convidei era, de verdade, obcecado pelo Barça, assim como todo bom catalão.
Ousada, resolvi inventar que torcia para o Real Madrid. «Desde pequena sou suuuuper fã», mentia sem pudor, diante de caras meio desconfiadas, meio horrorizadas.
Achei que seria muito divertida a brincadeira de, depois da vitória do Barça, dizer que era mentira, que eu queria mais é que eles fossem felizes com os milhares de gols do Messi.
Mas, durante o jogo, percebi que eles levam isso bem a sério. Torcem de verdade.
Seria intragável uma possível derrota.
E o Barça, só para acabar com a noite, começou a jogar mediocremente.
Fiquei tensa. Agora não fazia sentido desmentir nada.
Comecei a torcer loucamente pelo Barça, lá no meu íntimo.
O que ia acontecer se o time deles perdesse, como eu zuei que perderia? Nossa amizade se transformaria em algo horrível: Cíntia, o amuleto da derrota.
Acontece, minha gente, que o Real Madrid ganhou na prorrogação.
Ainda tentei dizer que era brincadeira: «o Igor tem até a camisa do Barça!».
5 minutos depois, estávamos sozinhos.
Talvez voltemos a conversar. Mas só depois de alguma goleada que humilhe o Real Madrid como ele, mais que nunca, merece.

E zero a zero é lá placar de jogo de Copa?

Claro que não, ora pois.

Fiquei injuriada.

Empatar com Portugal?

Não pode, minha gente. Pode não.

Nessa auto-foto estamos parecendo felizes mas, repare, é uma alegria disfarçada.

Já estávamos ali, verde-e-amarelando pelas ruas.

Tivemos, então, que fazer cara de «vai, Brasil» e bola pra frente.