Pátria amada

11/06/2010

Clima de Copa do Mundo.

Não que algo tenha mudado, muito pelo contrário.

Parece tudo tão normal, tão indiferente às vuvuzelas.

Dá vontade de gritar por aí: «Ei, vocês estão sabendo que hoje começa um evento que mexe com o globo terrestre? Rola botar uma camisa e torcer comigo contra a Argentina?».

Mas meu coração brasileiro, ciente de que as aves que aqui gorgeiam não gorgeiam como lá, reparou que – conscientemente ou não – Barcelona está vestida de verde e amarelo!

Será um sinal?

Fica a homenagem à Pátria Amada.

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Gonçalves Dias
Coimbra, julho de 1843. Publicado no livro Primeiros Cantos (1846). Poema integrante da série Poesias Americanas.