Chuva-quase-neve de manhã. Cheguei na aula com o nariz abaixo de zero, certeza.

Depois, acompanhei a Isabel no Ikea – segunda agora é a vez dela de mudar, e fomos lá comprar roupa de cama, travesseiro, enfim, a velha história. Aproveitei para me presentear com lençóis novos – lembrei que precisarei lavá-los e fazer revezamento…

A Raquel tinha comentado conosco que num lugar X haveria um carnaval de rua, tipo desfile. Isabel e eu fomos ver qualéquiéra. Quando encontramos no metrô algumas figuras como uma vaquinha e um boi com sininho e tudo, já começamos a nos divertir.

Ao chegar lá, surpresa! Chovia loucamente. E, CLARO, estávamos sem guarda-chuva. Daqui já se pode concluir como foi o tal desfile. A galera em pé com seus guarda-chuvas  «abrindo alas» para as caminhonetes alegóricas (sem brincadeira, o negócio era beeeem feinho e a decoração mais caprichada era uma feita de bexigas). Isso sem falar na música, quer dizer, nos batuques amorfos e aleatórios. Nunca pensei que diria isso, mas senti saudades do samba. Ficamos embaixo de um toldo, rindo e passando muito, mas muito frio.

Quando nossas botas e casacos estavam encharcados, nosso pé já era gelo e nosso cabelo estava uó, encontramos uma das nossas colegas de máster, a Paola. Colombiana, gentil, sorridente e do bem. Estava com o marido e um casal de amigos também bastante simpáticos (foi legal constatar que essa «alegria» é uma característica comum a nós, latinos!). Movidos pela frustração de nossas expectativas quanto ao carnaval de Barcelona, fomos todos para um lugar seco onde pudéssemos conversar e rir até 2h da manhã.

Frederico (colombiano e marido da Paola), alemão cujo nome não faço ideia de como escrever (marido da Diana), Diana e Paola (colombianas), eu e Isabel.

Polainas amarillas!

12/02/2010

Antes de acordar, já estava vendo o terceiro episódio da última temporada de Lost. E é claro que quando faltavam 10 minutos para o final, o arquivo fez kapuft. Fechou e não voltou por nada. Desespero. Tinha levado mais de 7 horas para baixar. Claro que não arredei do computador antes de achar um site e ver o finalzinho online. #vicio #culpadoigor

Almoço compositie do milho refogadinho de ontem com a linguiça de hoje. Bom também.

A coisa fofa do dia foi que vesti com muito gosto minha polaina amarela e saí pelas ruas frias e ensolaradas da cidade. Impressionante como é legal usar polainas. Segundo a teoria do @fabianoborges, depois dessa já posso colocar no currículo a palavra «versatilidade». Assim como já incluí «Gestão de mudanças» por aprender a lidar com a migração de um apartamento para outro por aqui. A-há!

Na aula, mais discussões interessantes. Hoje, sobre empreendedorismo e modelos de negócio na internet. O professor, que se autodenominava «un informático loco«, manja muito do tema principalmente porque o respira há mais de 20 anos (lembrando que essa é a idade da web). Ele é da geração que foi às primeiras Campus Party aqui na Espanha e – pasmem – manteve por 6 anos seu site pessoal como o primeiro no ranking do Google com a palavra «sexo», usando técnicas de SEO (antes de o termo ser inventado). Segundo ele, o Google é lógico e deve ser pensado com cabeça de engenheiros (Clayton e Fernanda, vocês já saem na frente…). Atualmente, seu «site pessoal» é um dos portais pornôs mais acessados do país. Pois é…

Au revoir!

11/02/2010

Fiz as unhas. Ô, esmalte ruim. Passei 3 camadas de um vermelho tomate e ficou transparente! Colorama, vem pra cá que você vai se dar bem. #ficaadica

Para o almoço, restodontê. O Bruno viu meu prato pelo Skype e ficou horrorizado com a «gororoba». Sério que estava uma delícia, apesar de feio.

À tardinha fomos assistir a uma palestra (gratuita!) cujo tema era: “medios online – ¿cambio de paradigma?”. Dentre os palestrantes, os responsáveis pelo departamento de analítica web do El País (jornal mega importante na Espanha) e do La Vanguardia (idem). Discussão bem interessante sobre meios de comunicação, redes sociais, mensuração, valor das marcas, etc. O pessoal da Abril ia curtir e se identificar…

Pros geeks que quiserem saber mais, procurem a hashtag #ctbcn no Twitter. Vale a pena!

Na volta (a pé, obviamente), congelamos. 3 graus. E sensação térmica de -20. Socorro.

Para dormir contente, tomei um copo de vinho e comprei minha passagem para Paris!!!

13 de março. Oui! Merci. Croissant. Bonjour. S’il vous plaît. Au revoir.

Arroz caldoso

10/02/2010

Dia de fazer despesa «grande» no Carrefour, o supermercado maior, mais barato e mais longe daqui: macarrão, molho de tomate, queijo, manteiga, milho verde, linguiça, papel higiênico, farinha, caldo de frango, mexerica (desisti no caixa – tava caro), vinho, suco, café (!?), leite, pão e, claro, um item básico de sobrevivência: kit-kat.

Ah, e um livro: 100 años de soledad, do Gabriel García Márquez. Esse é um daqueles que tava na lista dos «tem que ler» mas eu nunca tinha lido. O último dele que li foi «El amor en los tiempos del cólera«, que é impressionantemente bom, embora tenha a leitura meio cansativa porque a história não anda. Mas tirei lições de vida dali. Recomendo.

Assim que cheguei, resolvi cozinhar. «Ingredientes não faltam», eu pensei pouco antes de perceber que tinha esquecido de comprar arroz. Fui ao mercadinho aqui do lado e paguei 3 reais num pacote de 1 kg. Entenderam por quê pego um ônibus para ir ao Carrefour?

Bom. O arroz ficou «papa» (vai demorar para acertar o ponto. O arroz daqui, além de redondo, é duro! Será que era trigo? Não funcionou colocar o dobro de água; tentei colocar mais e virou uma meleca). Mas o gosto tava ótimo e é o que importa. Jogar 1 euro no lixo é que eu não ia.

(Mãe, é zueira o lance do trigo! Eu sei o que é cada alimento, só não sei prepará-los tão bem quanto você… Ainda!).

Aproveitei um frango grelhado sem graça que eu tinha feito ontem e incrementei com milho-verde refogadinho na manteiga e no azeite, com umas ervinhas. Auto-orgulho.

À noite, para a casa da Raquel e do Tiago para me despedir direito. Saí praticamente fugida de lá no sábado, porque o dono desse apartamento me pressionou até a alma para eu vir logo. Enfim, acertei o que tinha que acertar, dei abraços de obrigada e vim embora.

A pé. 23h30. Com 300 euros no bolso, que saquei num caixa no meio da rua (sim, aqui são raras as cabines, e os caixas ficam virados para a calçada). Tranquilo! Os únicos inconvenientes foram o cansaço e o frio – caminhei mais de meia hora para ir e outra para voltar. Pensa numa branquela com bochechas queimadas do vento gelado. Bonito…

Homenagem pública para o sogrão, Alex Alexandroff, que hoje ficou extremamente SEX. Sexagenário! Parabéeeeeeeens!

Foco

09/02/2010

Estudo, estudo, estudo.

Chuva.

E saudade…

Chuvinha na janela logo de manhã e eu na estufa, dentro do saco de dormir. Meus cinco minutinhos viraram uma hora a mais. Até porque eu ia sair e não comprei ainda o guarda-chuva. Hihihi.

Encarei a chuva com meu casaco impermeável e segui para o Ikea. No ônibus encontrei o sr. Marcos Novas, um velhinho uruguaio simpático que me ajudou a identificar a estação que eu procurava. Ele também caminhava rumo ao metrô e fomos conversando. Contou que está aqui há mais de 30 anos e adorou saber que eu sou brasileira, porque «somos vizinhos». Antes de dar tchau, ele anotou seu nome e telefone, disse que se eu precisasse de qualquer coisa aqui era só ligar, e acrescentou: «Con eso nos tornamos amigos para toda la vida. Suerte!». Quase chorei. Sempre quis ter conhecido meus avós…

Já na loja, antes de qualquer coisa, fui comer o tal perrito con cebolla de 1 euro que a Raquel tinha comentado ser maravilhoso. E é.

Se pagar 1,50, o refil do refri é grátis. A salsicha é muito diferente, branquela mas saborosa. E em cima tem cebola frita (nunca vi coisa mais gostosa!) e picles, para quem curte.

Ah, e a mostarda sueca é perfeita.

Comentário gordo à parte, fiz a despesa de roupas de cama, travesseiros, edredom, luminária, velas perfumadas e coisinhas bonitas que eu tava precisando pra deixar o quarto «morável». Agora já posso mostrar fotos!

Fui ainda à noite a um concerto de alunos no Conservatório Municipal de Música de Barcelona. No repertório, Vila Lobos executado por violão e violino. Lindo e gratuito.

Lá conheci a Keysy, uma garota americana do Texas com quem puxei assunto quando vi que estava tão perdida quanto eu. Conversamos bastante numa mistureba total de idiomas. Ela está aqui para aprender espanhol, embora ainda não consiga formar muito bem as frases. Então eu falava portunglês e ela falava inglesnhol. Morremos de rir e combinamos de sair outras vezes. Ela é super do bem e muito querida.

Adoro fazer amigos, e hoje foram dois! – e, pelo menos um deles, «para toda la vida».

:’)

«Ver o sol amanhecer e ver a vida acontecer como um dia de domingo…». Meio brega, mas linda essa música. Tava um dia tão bonito que me inspirei e andei até mais que o necessário para ir à igreja. Fui pelo caminho mais comprido que dava, e passei a manhã admirando velhinhos que tomavam sol nas praças. Lembrei um monte da vó… Saudade.

Encontrei a Roberta e sua mãe, e fui filar bóia na casa dela. Sempre boa companhia!

Resolvi voltar a pé. Pensa numa caminhada longa, quase 2 horas. Mas foi ótimo! Como eu disse, o dia estava lindo e valeu a pena curtir cada raiozinho de sol. Vim cantando as músicas da iglesia, já confundindo bem as letras das melodias que cantamos aqui e aí…

À noite fiquei estudando e produzindo conteúdo (momento de auto-orgulho). Faz parte do curso – e da nota – a nossa interação online, e nisso estão incluídos a criação de tópicos de discussão no site, o engajamento nos fóruns de discussão, blá, blá, blá.

Criei, então, meu primeiro tópico: um case sobre o poder de mobilização das multidões na internet. Tá aqui pra quem quiser (e tiver paciência para) ler.

Correría!

06/02/2010

História filosófica da internet. Fan-tás-ti-ca a abordagem da aula de hoje. Falamos sobre a ideologia que está por trás do surgimento da World Wide Web, sobre as influências que a fizeram ser como é, sobre a natureza fluida do software. Viagens interessantes.

Depois, MUDANÇA: tira roupa dos cabides, faz a mala, dobra casacos, entucha toalhas, amontoa cachecol, encaixa sapatos, fecha zíper, carrega peso, pega táxi. Ufa, aqui estou.

Conversa com o dono, conhece o apê, pega a chave, paga o mês, entende a máquina de lavar, pergunta do chuveiro, aprende a abrir a janela, ouve que pode colocar cortina. Oba!

Arrasta o guarda-roupas, martela uns pregos, tira o pó, varre a sujeira, passa pano no chão, limpa os vidros, desfaz as malas, toma banho, acessa a internet. Pronto, cheguei.

Cansaço. Boa noite. Zzzzzzzzzzz.

(Mais fotos? Só depois de uma passadinha no Ikea).

Un día agitado

05/02/2010

Logo cedo, fomos fazer o empadronamento (um registro na prefeitura declarando o seu endereço). Chegando lá, cadê meu passaporte que eu não tinha tirado da carteira? Sumiu.

Lembrei que terça-feira eu havia ido ao Corte Inglês, uma espécie de shopping, e lá provavelmente esqueceram de devolver meu documento. Filho único.

Fui ao local e estava guardado, graças ao bom Deus. Foi só o susto (embora um belo…).

Aproveitamos a manhã burocrática para resolver nosso NIE (tipo um RG de estrangeiros) e levamos toda a documentação do universo até a Polícia. Foi beeeem menos traumático que o Consulado Espanhol. Não que seja muito difícil algo ser menos traumático do que foi o Consulado para mim… Quero apenas dizer que dessa vez deu tudo certo na primeira.

Depois, aula sobre História da Internet. Um vasto e rico apanhado, cheio de exemplos e discussões produtivas. Finalmente saímos um pouco do tecniquês e fomos para o que me gusta! Na pauta, um pouco do que foi a adaptação dos meios de comunicação à internet. Bela análise da professora, diretora do curso de Comunicação da UAB.

Depois da aula, comida mexicana com a galera, com direito a dinâmicas de grupo nhé. Prefiro «cidade dorme», obviamente. Mas ia ser beeeeeeem difícil explicar em espanhol. Xápralá.

(Da esquerda pra direita, Andréa, eu, Felipe, Ana Paula – os brasileiros – e, atrás, Antoni e Jordi – dois dos vários espanhóis).

Fazer escova no frio ninguém merece. Cleniiiiir, que saudade! Viva a escova progressiva. 25 minutinhos e voalá. Até porque não rola ficar de cabelo molhado, gela até a alma.

Para o almoço, caprichamos: salada de batata, ovo e alcachofra. Chique, olha só.

Passei a tarde estudando, e acho que tô pegando a lógica da coisa do CSS. #virandogeek

BOA NOVA DO DIA: o dono do apartamento que eu tinha gostado voltou atrás quando expliquei que o I vem me visitar e não morar aqui! O trash é que exigiu que eu me mude imediatamente. Ou seja: sabadão tô de habitación nova!  E o legal é que a Isabel também arranjou hoje um apartamento. Olha Deus cuidando de tudo…

Para comemorar, uma versão inédita da Isabel num momento sertanejo impagável:

HAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Manhã feliz. Recebi e-mails que me encheram de alegria.

Primeiro, o «pão diário» do Rev. Daniel:

«(…) Que os gigantes caiam por terra, em nome de Jesus, e os teus servos sejam mais que vitoriosos (…)».

Depois, um de encorajamento do Edson:

«(…) Que toda a saudade que está no teu coração seja revertida em abundante alegria na certeza de em todas as coisas somos mais do que vencedores em Cristo Jesus (…)».

E, em seguida, um do Jordi (irmão da Iglesia Alianza Evangélica), me perguntando sobre minha experiência no louvor, porque me ofereci para ajudá-los. Parte da minha resposta:

(…) No soy musicista profesional, estudié pocos años la parte teórica, y mismo la técnica. Pero no tengo dudas de que Dios me llamó para trabajar con alabanza y me capacita a cada día para eso. El me ha dado una sensibilidad que me mueve a siempre buscar Su presencia, y un corazón dispuesto a seguir Su voluntad, reconociendo mi dependencia de Dios en cada paso.

Sé que El me trajo para BCN con algún propósito que todavía no
conozco. Y sé que no fue solo para hacer el Máster. Tengo orado para
que El me diga como y donde servirle, pues esa es la razón de mi
existencia (…).

Muitas verdades.

À tarde, caminhada até o centro (1h30). Lá, passeamos por pelo menos 1 hora. E voltamos a pé novamente. Aí a consciência ficou tranquila e jantamos pão outra vez. Só que com tomate (parece desculpa para fingir que foi light, mas esse é um bocadillo bem típico daqui!).

Para finalizar, eis aqui o que me ajudou a reverter a saudade de hoje em alegria:

Dependencia de Dios

02/02/2010

Roteiro do dia: Ikea (uma loja de móveis e decoração estilo Tok & Stok, mas com preços incrivelmente baratos).

(clique na foto para ver outras que coloquei no Orkut!)

Lá conheci uma amiga da Isabel, a Carol. Figurinha mineira. Ruiva, enfermeira, cantarolante, a alegria em pessoa. De cara, já zoou meu «sotaque» paulista. Onde já se viu? Paulista não tem sotaque, meu!

À noite, Raquel nos presenteou com uma tapioca maravilhosa. Sim, tapioca. Esqueci de tirar fotos, mas, acreditem: maravilhosa.

Notícia ruim do dia: parece que os donos do apartamento não vão me aceitar, porque eu disse que o I vem me visitar algumas vezes, e eles não querem mais de 4 pessoas no apartamento. Escrevi explicando que ele não vem mês-sim-mês-não e que estou disposta a pagar a mais nesses meses pra ajudar com os gastos. Bom, está nas mãos de Deus.

Escrevi hoje um e-mail para o diretor daquela escola de música explicando a minha vontade de fazer o curso e minha limitação de horários. Também está nas mãos de Deus.

Estudios

01/02/2010

Fui conhecer o possível-novo-bairro logo cedo. No parque logo à frente do prédio, velhinhos caminham, pessoas diversas levam seus cães (argh) pra passear ou simplesmente lêem/cochilam com jornais ou livros abertos no solzinho bom da manhã.

Enquanto andava, fiquei pensando sobre a vida. Que privilégio esse tempo aqui. Como me sinto próxima de Deus. Quanta coisa vou levar além do curso. E olha que não faz nem um mês que cheguei…

Suspiro.

Passei a tarde estudando, buscando referências, aprendendo coisas. A ideia é mergulhar essa semana no trabalho que preciso entregar.

Justamente por isso, faltam novidades.

Então vou colocar aqui uma foto do Carrefour que é, no mínimo, interessante:

Hasta mañana.